O presente trabalho propõe analisar enunciados meme veiculados pelas páginas intituladas Barbie Fascista e Barbie e Ken Cidadãos de Bem, do Facebook. Criadas durante o período do segundo turno das eleições de 2018, essas páginas representam os eleitores/apoiadores de Jair Bolsonaro como os personagens Barbie e Ken, bonecos da Mattel, ridicularizando-os. Nosso objetivo é refletir sobre a construção enunciativa irônica dos memes ao caracterizar as mulheres com posicionamento político de direita como Barbies, em uma crítica feita pelas páginas acerca da alienação e do deslocamento social das mesmas. A fundamentação teórica se centra nos postulados do Círculo de Bakhtin, sobretudo as concepções de linguagem, ideologia, signo ideológico, dialogismo e vozes sociais. Refletiremos sobre a ironia e o riso nos estudos bakhtinianos, recursos utilizados para desestabilizar discursos oficiais. Amparados pelos estudos feministas, observamos o papel da mulher na sociedade, assim como os padrões impostos. O método por nós utilizado é o dialético-dialógico, pautado no cotejo com outros, de diversas esferas e gêneros, como a esfera jornalística. Os resultados refletem acerca não apenas da compreensão das imagens de mulher construídas nessas páginas, mas também sobre o papel e a noção do que é ser mulher no atual contexto social, histórico e político do país. A contribuição consiste em um estudo que busca compreender como os memes se constituem sobretudo como uma forma de crítica social e compõem um retrato da mulher “cidadã de bem” brasileira, refletido e refratado nas redes sociais.