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O título ainda vai ser tecido

Danyllo Ferreira Leite Basso Co-labor-ação: Luciane de Paula

Ano ultimo. Último ano. Ano de despedida. Despedida de anos. Emoções desimpedidas são rompidas. E tantas rupturas e cisões comedidas. Ah, outras são impedidas. Entre as mais pedidas: as desentendidas. Como entender as idas e as vindas, voltas e re-voltas pelas quais passa o universitário sujeito em seu uni-verso solitário!? O itinerário vai do árido ao hilário. Tudo tão bizarro! Atam-se nós, desatam-se nós, articulam-se novos e antigos nós, amarrados até as entranhas. Nós cegos e também os frouxos que estrangulam-se uns aos outros. E assim se vão tecendo todos nós. Nós todos, tecidos nós. A sós, muito embora pareça-nos que o só sempre é, pelos menos, três nós: os nós de ontem, os nós de hoje e os nós de amanhã. Nunca os mesmos. Nós que se atam e desatam em nós, continuamente descontínuos. Passado, presente e futuro num só tempo: o tempo da mente, que mente e sente verdadeira-mente. Cria passado e futuro a partir do presente. Presente ente. Entes ados e urros: presente inexistente, pois liame histórico entre passados e futuros perpétuos e em constante construção. Memória criativa. Recriativa. Recreativa. Que cativa e ativa o que bem entende a partir dos moldes do ente e de sua história. Figurativa, representativa. Re(a)presenta e faz o passado voltar à ativa. Tudo de novo, novo. Renovo. E nesse renovo há o ovo pra nascitura da tessitura futura. Tecido em fios. Filigranas de nós. Nossos novos nós. Então, talvez, o passado e o futuro, até mesmo presente, são inexistentes. Não. São existentes na mente, no coração e no estômago do ente. Ora doente, ora carente, ora paciente, ora agente. A gente re-a-gente. Gente. Ficção. Fixação no homem. Fixação do homem. Dos homens. Assim, o tempo é ficção a-temporal. Parecia que ia durar. Ia. Não foi. Nem é. Para sempre que sempre acaba. Mas, independente do tempo que dura, ele perdura e perfura as paredes da memória. Sempre transitória. Em trânsito. Em movimento. Em curso! Dis-curso! Assim, segue esse meu eu, não só meu, mas também teu, que busca, na parede da lembrança, a esperança para a futura dança. Dança que traz, em sua elegância, a superação dessa ânsia. Busco em cada canto, e em cada encanto, o canto, o riso e o sorriso da minha memória despedaçada. A todos jogada. Refratada. Cada um, com sua parte dela, que é também minha e exatamente o que a faz mais bela nessa tela. Ao mesmo tempo que do presente olho o que já se desenhou, encorajo-me e, pela janela, olho o futuro que, por vezes, parece-me duro, mas está decidido. Cindido. Tido dito e não-dito. Mal-dito. Bem-dito. Qualquer coisa, depois me curo. Vou correr os riscos. Vou lançar ao mundo meus novos riscos. Vou desenhar ao passo que me desenho. Vou escrever como sou escrito. Estou, nessa vida, inscrito. Não pedirei aos céus as contas. Aos poucos, seguro as pontas. Amarro todas elas e malho novo tecido. Tecido de pano. Tecido de carne. Tecido de alma. Enfeite. Rede. Pra deitar e descansar. Tecido protetor. Pra /fazer–crer/. Tecido estendido aos que jamais serão esquecidos. Bandeira branca e negra, a mim e a quem mais as merecer. Eu-outro nós!

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