
Pesquisas - Glaucia Mirian Silva Vaz (UNESP/FCLAr)
Doutorado
O fascínio pelo matador em série: delineamento de uma ordem discursiva a partir de Dexter
Glaucia Mirian Silva Vaz, 2014
Considerando a exibição/recepção significativa, no Brasil, do seriado estadunidense Dexter (2006-2013) juntamente a outras séries exibidas em canais por assinatura como The Following (2013), Hannibal (2013), Bates Motel (2013) e de toda uma produção discursiva do criminoso como produto de consumo a partir do fascínio por matadores em série, especialmente em Dexter (tanto série televisiva quanto em sua publicidade), nos questionamos sobre o fato de que há um estereótipo do matador em série (serial killer) bastante comum nos Estados Unidos e que tem sido propagado no Brasil por meio (também) da exibição de séries e filmes. Defendemos que há todo um arquivo, na acepção foucaultiana, sobre o matador em série que foi efetivamente materializado em suportes diversos: literatura, medicina, fotografia, música, cinema, publicidade etc. Partiremos de enunciados do seriado, bem como de sua publicidade e dos livros a partir dos quais foi produzido, para compreender o lugar do fascínio pelo matador em série na ficção dentro de uma ordem discursiva, visando, especificamente, a: analisar a constituição identitária do matador em série na ficção; compreender de que forma produtos de entretenimento fazem emergir determinados efeitos de sentido e não outros na constituição desse sujeito matador; e explicitar como o fascínio é construído e como desloca o matador do lugar exclusivamente de criminoso para outros lugares moralmente aceitáveis.
Pesquisa apoiada pelo CNPq
Orientadora: Luciane de Paula




Mestrado
FUNÇÃO ENUNCIATIVA EM O MATADOR E MUNDO PERDIDO, DE PATRÍCIA MELO: Constituição de posições-sujeito em enunciados sobre criminalidade
Glaucia Mirian Silva Vaz, 2013
Neste projeto, propomos uma análise de enunciados de O matador (2002) e Mundo perdido (2006), da escritora contemporânea Patrícia Melo. Ambos os romances trazem a história de Máiquel, um jovem vendedor de carros usados que se torna matador profissional e justiceiro de um bairro de periferia na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Quando descoberto, Máiquel passa de herói a criminoso foragido e, após dez anos, retorna com o intuito de encontrar uma ex-namorada e recuperar sua filha. Partimos da hipótese de que a construção da identidade de matador enquanto justiceiro estaria relacionada aos posicionamentos de sujeito que justificam tal prática como forma de garantir direitos como a segurança pessoal, a retratação da honra e a proteção da propriedade privada. Nosso objetivo geral, nesse sentido, é investigar posições-sujeito em enunciados que atuam na produção de diferentes efeitos de sentido acerca da criminalidade nos referidos romances. Especificamente, propomos elucidar a relação entre a construção identitária do matador e o funcionamento de discursos que remetem ao funcionamento do campo dos Direitos Humanos e da história da pistolagem no Brasil e desvelar o discurso sobre identidade nacional materializado nos romances como dispositivo de poder. Respaldamo-nos na Análise do Discurso de linha francesa, especialmente nos estudos de Foucault em Arqueologia do saber (2012) no que se refere aos procedimentos metodológicos para a abordagem das práticas discursivas, e nas obras Vigiar e punir (1979) e Microfísica do poder (2008), as quais nos oferecem embasamento teórico no que se refere ao poder. Nossas análises fazem, ainda, uma interface com os estudos sobre identidade em sua imbricação com a diferença, conforme Silva (2009) e Hall (2009). Recorremos também à discussão sobre identidade nacional (nacionalismo e nação) em Jobim (2006), Woodward (2009), Anderson (2008) e Renan (1882). Desta feita, explicitamos como ocorre a (des)criminalização dos sujeitos como forma de legitimar a prática de matar pessoas em O matador (2002), fato que está relacionado à circulação, em ambas as obras, de um discurso do criminoso de boa índole. Além disso, nos deparamos, em Mundo Perdido (2006), com a afirmação de uma identidade nacional que funciona como estratégia de poder, levando os sujeitos a compreender a criminalidade como constitutiva da identidade do brasileiro, fazendo com que eles se adaptem ao crime e insira-o em seu cotidiano.
Orientador: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes


Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL) do Instituto de Letras e Linguística (ILEEL) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Especialização - Leitura e Ensino
IDENTIDADE E RELAÇÕES DE MICROPODERES EM O MATADOR, DE PATRÍCIA MELO
Glaucia Mirian Silva Vaz, 2010
Enfocando sujeitos que vivem em meio à violência, ao caos, à angústia e ao entorno das mídias de consumo, a ficção de Patrícia Melo compõe um retrato das grandes cidades brasileiras. Mesmo sendo sua produção recente, vários de seus livros foram traduzidos e publicados em diversos países da Europa e nos Estados Unidos. Suas personagens são assassinos, drogados, ladrões, traficantes e pessoas pobres da periferia dos centros urbanos. Nossa proposta é analisar sua obra O Matador (2002), cuja trama é movida por uma experimentação de identidades, especialmente matador-herói, a qual se torna incompatível, em alguns momentos, com algumas práticas e regras configuradas por determinados sistemas de poder. Consideramos que as identidades praticadas pelo protagonista Máiquel são um efeito de relações de poder e propomos refletir sobre a relação entre esta prática identitária e os micropoderes. Nosso percurso metodológico consiste em analisar as tramas do romance e trechos significativos à problemática proposta. Para tanto, buscaremos a noção de micropoder apresentada por Michel Foucault em Microfisíca do poder (2007), recorrendo a Edgardo Castro (2008) e Judith Revel (2005), os quais oferecem uma sistematização dos conceitos foucautianos de dispositivo e genealogia. Para uma explanação sobre a problemática da identidade, nos apoiaremos em Zygmunt Bauman, conforme entrevista publicada em Identidade (2005). De Stuart Hall, em A identidade cultural na pós-modernidade (2005), traremos as discussões sobre o descentramento do sujeito e a crise de identidade enquanto efeito das mudanças estruturais pelas quais passam as sociedades da modernidade tardia. A fim de contrapor diferentes noções de (crise de) identidade, resgataremos a teoria de Erik Erikson, em Identidade: juventude e crise (1971), segundo o qual, a crise é parte do processo de desenvolvimento da personalidade, caracterizando cada fase do processo como uma luta necessária entre ajustamentos e desajustamentos.
Orientadora: Profa. Dra. Luciana Borges.



Monografia apresentada ao Programa de pós-graduação lato sensu em Letras – Leitura e Ensino da Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista